“Do dinheiro que nos foi garantido para 2023 só recebemos 600 mil euros e, já pagamos o dobro, cerca de 1,2 milhões de euros, às operadoras. Estamos a fazer um esforço suplementar num compromisso que o Governo decidiu, e bem, de subsidiar os transportes. Não posso criar mais pressão sobre as finanças da Câmara, antecipando mais do que antecipei”, afirmou Luís Nobre.

O autarca referia-se às compensações atribuídas pelo Estado no âmbito do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) e do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP).

A questão foi hoje levantada pela vereadora da CDU, Cláudia Marinho, no período antes da ordem do dia da reunião camarária, tendo a restante oposição, o independente Eduardo Teixeira, Paulo Vale, do PSD, e Hugo Meira, do CDS-PP, pedido explicações sobre o assunto na sequência de um comunicado do grupo AVIC enviado a todos os elementos do executivo municipal.

No documento, a que a Lusa teve acesso, o grupo, que integra as empresas Transcunha – Transportes Rodoviários de Viana, Auto Viação do Minho e António dos Prazeres da Silva & Filho anuncia a suspensão dos descontos nos tarifários dos passes sociais e títulos de transportes rodoviários nas linhas urbanas e interurbanas de Viana do Castelo, invocando uma dívida da autarquia de 530 mil euros.

Daquele montante, 280 mil euros são relativos a 2023 e 250 mil a 2024.

No final da reunião da câmara, aos jornalistas, Luís Nobre explicou que a autarquia ainda não recebeu o dinheiro dos últimos três meses de 2023 e os valores identificados relativamente a 2024 não podem ser transferidos porque os operadores não assinaram os novos contratos.

Até 2023 os subsídios eram atribuídos ao abrigo do PART e do ProTransp e, a partir de 2024, no âmbito do Incentiva + PT.

“No passado, a compensação por cada autocarro que sai da garagem era de 250 euros, por dia, até 150 quilómetros. A partir de 2024, o que foi proposto aos operadores foi 285 euros até 150 quilómetros. Houve operadores que aceitaram e operadores que não assinaram o contrato porque queriam um valor de 318 euros. Não há recursos para isso. Não posso assumir recursos que não tenho”, explicou.

O autarca socialista referiu que “todas decisões relacionadas com os transportes públicos têm sido na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e, em solidariedade, dos municípios uns com os outros”.

“Trata-se de uma compensação, não é um serviço requisitado. É uma verba incluída no Orçamento do Estado, que é transferida para a CIM do Alto Minho e que é dividida pelos municípios que integram a estrutura. A partir daí, cada município fica com a responsabilidade de entregar aos operadores a respetiva comparticipação”, especificou.

Luís Nobre referiu que, face à suspensão, pelo grupo AVIC, dos descontos nos tarifários dos passes sociais e títulos de transportes rodoviários nas linhas urbanas e interurbanas do concelho, emitiu um despacho que determina que “nas situações em que os operadores se recusarem a garantir a redução do custo dos bilhetes, os utentes podem dirigir-se ao município para serem ressarcidos”.