Jack Teixeira declarou-se culpado de difundir informação sobre a defesa nacional americana, o que permitiu o arquivamento das acusações de espionagem. No entanto, este acordo vale apenas perante a Justiça federal.

"Após estreita coordenação com o Departamento de Justiça, a Força Aérea determinou que devem ser apresentadas acusações separadas e distintas contra o cabo Jack Teixeira, por supostas falhas nos seus deveres militares", disse um porta-voz da Força Aérea.

Contratado como especialista em informática e comunicação em uma base militar no nordeste dos Estados Unidos e detido em 2023, Jack Teixeira pode comparecer perante um tribunal marcial.

Em causa está o facto de Jack Teixeira, militar lusodescendente de 21 anos, detido em abril de 2023, ter sido acusado de divulgar documentos militares altamente classificados através da Discord, uma plataforma de redes sociais popular entre pessoas que jogam ‘online’.

O lusodescendente é acusado de ter distribuído documentos confidenciais nomeadamente sobre a guerra na Ucrânia ou a espionagem de países aliados, fator de embaraço para Washington.

Teixeira ingressou na Guarda Nacional em setembro de 2019 e estava autorizado a aceder a informações ultrassecretas desde 2021.

O Departamento de Justiça estima que Teixeira começou a guardar e partilhar os dados confidenciais em janeiro de 2022, disseminando as informações de duas formas: por escrito através daquela plataforma, ou com imagens dos documentos em que se podia ler a classificação de sigilo ou ultrassecreto.

Os documentos secretos revelaram preocupações dos serviços de inteligência americanos sobre a viabilidade de uma contraofensiva ucraniana no conflito com a Rússia em 2023. Também deram a entender que Washington recolhe informação de inteligência sobre aliados, em particular Israel e Coreia do Sul. O caso colocou Washington em apuros e propiciou dúvidas sobre possíveis falhas de segurança.

Alguns analistas compararam o potencial impacto desta fuga de informação com aquele causado em 2013 por Edward Snowden, quando expôs o alcance dos programas de espionagem em massa que os Estados Unidos lançaram após os ataques de 11 de setembro de 2001.